terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Teóloga brasileira comenta novo livro do Papa Bento XVI sobre o nascimento e infância de Jesus


Segue abaixo a transcrição da coluna da teóloga Maria Clara Bingemer, no site dom total, sobre a nova obra de SS. Bento XVI a respeito do nascimento e infância de Jesus. Vale a pena ler e refletir... e é claro, posteriormente adquirir o livro...

Fonte: http://www.domtotal.com.br/colunas/detalhes.php?artId=3236

A infância de Jesus segundo Bento XVI


A origem de Jesus se torna, então, a origem de todo homem e toda mulher que vem ao mundo
Ao começar o Advento, a Igreja e a sociedade recebem o livro escrito por Bento XVI sobre a infância de Jesus.  Trata-se de uma meditação teológica.  Ninguém poderá lê-lo sem entrar no ritmo de oração que o atravessa do início ao fim e que convida a contemplar o Mistério de Jesus de Nazaré, filho de Maria e filho de Deus, salvador e redentor do mundo.

A intenção do autor não é tanto comentar, com erudição e estilo refinado, os fatos do passado, mas sim conduzir o leitor em direção a uma atualização da mensagem de salvação que os Evangelhos da infância de Cristo  trazem e revelam.  Alguns pontos são extremamente significativos no texto. 

O tema da origem de Jesus aparece como inseparável da  revelação feita a Israel, da qual Jesus é a culminância. Deste modo, o Papa demonstra com clareza a importância da Bíblia judaica e do povo de Israel, no seio do qual nasceu o Salvador. Todo o desenvolvimento do mistério da encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré acontecerá em continuidade com a revelação feita ao povo de Deus através da boca dos profetas e que se exprime na espera do Messias.  De outro lado, o texto demonstra que a genealogia de Jesus apresenta um novo início, em Maria, com a qual termina e é relativizada toda a genealogia.  

"Que retribuiremos ao Senhor por tudo quanto nos deu?" São Basílio Magno


Segue abaixo, trecho do livro "Da Regra mais longa", de bispo oriental e um dos padres da Igreja, São Basílio Magno, escrito por volta do séc. IV de nossa era. São Basílio é considerado o pai do monaquismo (vida contemplativa em mosteiros) oriental...

Que retribuiremos ao Senhor por tudo quanto nos deu?

     Que palavra poderá verdadeiramente descrever os dons de Deus? São tantos que não se podem enumerar. São de tal grandeza que um só deles bastaria para merecer toda a nossa gratidão para com o Doador. Há um que a nós, seres racionais e inteligentes, seria forçosamente impossível esquecê-lo, e pelo qual jamais o louvaríamos condignamente: Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Honrou-o, assim, com a reflexão. Só a ele, dentre todas as criaturas, deu a razão. Concedeu-lhe o gozo da indizível beleza do paraíso e o constituiu rei de toda a terra. Enganado o homem pela serpente, caído no pecado e pelo pecado na morte e nos sofrimentos que a acompanham, nem por isto Deus o abandonou; mas pela lei, que lhe serviria de auxílio no princípio, colocou anjos para guardá-lo e dele cuidar. Enviou profetas para denunciarem os vícios e ensinarem a virtude. Susteve por ameaças o ímpeto do mal, e estimulou por promessas a prontidão para o bem. Não poucas vezes, declarou antecipadamente, em relação a várias pessoas, qual o fim dos bons e o dos maus a fim de advertir os outros. A tantos benefícios, porém, respondemos com a nossa rebeldia. Ele, contudo, não se afastou de nós.

Catequese de Bento XVI na Audiência Geral do dia 16/1/13


É POSSÍVEL VER A DEUS


Jesus Cristo "Mediador e plenitude de toda a Revelação"
Queridos irmãos e irmãs,
      O Concílio Vaticano II na Constituição sobre a Divina Revelação Dei Verbum, afirma que a verdade íntima da revelação de Deus brilha para nós "em Cristo, que é juntamente o mediador e a plenitude de toda a Revelação" (n 2) . O Antigo Testamento nos narra como Deus, após a criação, apesar do pecado original, apesar da arrogância do homem de querer colocar-se no lugar do seu Criador, oferece novamente a possibilidade de sua amizade, sobretudo por meio da aliança com Abraão e o caminho de um pequeno povo, o de Israel, que Ele escolhe não com critérios terrenos, mas simplesmente por amor. É uma escolha que permanece um mistério e revela o estilo de Deus que chama alguns não para excluir outros, mas para fazê-los de ponte que conduza a Ele: eleição é sempre eleição para o outro. Na história do povo de Israel é possível refazer os passos de um longo caminho no qual Deus se faz conhecer, se revela, entra a história com palavras e ações. Para esta obra Ele utiliza mediadores, como Moisés, os Profetas, os Juízes, que comunicam ao povo a sua vontade, recordam a exigência da fidelidade à aliança e mantêm viva a realização plena e definitiva das promessas divinas.
   

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"Na cruz não falta nenhum exemplo de virtude"


Das Conferências de Santo Tomás de Aquino, presbítero
 (Colatio 6 super Credo in Deum)
 (Séc.XIII)

Na cruz não falta nenhum exemplo de virtude

    Que necessidade havia para que o Filho de Deus sofresse por nós? Uma necessidade grande e, por assim dizer, dupla: para ser remédio contra o pecado e para exemplo do que devemos praticar.

       Foi em primeiro lugar um remédio, porque na paixão de Cristo encontramos remédio contra todos os males que nos sobrevêm por causa dos nossos pecados.

       Mas não é menor a utilidade em relação ao exemplo. Na verdade, a paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tema fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na cruz e desejar o que ele desejou. Na cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude.

       Se procuras um exemplo de caridadeNinguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Assim fez Cristo na cruz. E se ele deu sua vida por nós, não devemos considerar penoso qualquer mal que tenhamos de sofrer por causa dele.

Hoje é dia de São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico...

Doutor da Igreja, professor de teologia, filosofia e outras ciências nas principais universidades do mundo em seu tempo; frei caridoso, estudioso dos livros sagrados, sucessor na importância teórica de São Paulo e Santo Agostinho. Assim era Tomás d'Aquino, que não passou de um simples sacerdote. Muito se falou, se fala e se falará deste Santo, cuja obra perdura atualíssima ao longo dos séculos. São dezenas de escritos, poesias, cânticos e hinos até hoje lidos, recitados e cantados por cristãos de todo o mundo. 

Tomás nasceu em 1225, no castelo de Roccasecca, na Campânia, da família feudal italiana dos condes de Aquino. Possuía laços de sangue com as famílias reais da Itália, França, Sicília e Alemanha, esta ligada à casa de Aragão. Ingressou no mosteiro beneditino de Montecassino aos cinco anos de idade, dando início aos estudos que não pararia nunca mais. Depois, freqüentou a Universidade de Nápoles, mas, quando decidiu entrar para a Ordem de São Domingos encontrou forte resistência da família. Seus irmãos chegaram a trancá-lo num castelo por um ano, para tentar mantê-lo afastado dos conventos, mas sua mãe acabou por libertá-lo e, finalmente, Tomás pôde se entregar à religião. Tinha então dezoito anos. Não sendo por acaso a sua escolha pela Ordem de São Domingos, que trabalha para unir Ciência e Fé em favor da Humanidade. Este sempre foi seu objetivo maior. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Catequese de SS. Bento XCI sobre a Encarnação do Verbo Divino


O AGIR DE DEUS NÃO SE LIMITA ÀS PALAVRAS


Catequese de Bento XVI sobre a Encarnação realizada durante a Audiência Geral de quarta-feira (9/1/13)


Queridos irmãos e irmãs,
Neste tempo natalício nos concentramos mais uma vez no grande mistério de Deus que desceu do seu Céu para entrar na nossa carne. Em Jesus, Deus encarnou-se, e tornou-se homem como nós, e assim nos abriu a estrada para o seu Céu, para a comunhão plena com Ele.
Nestes dias, em nossas Igrejasouviu-se muitas vezes o termo “Encarnação” de Deus, para exprimir a realidade que celebramos no Santo Natal: o Filho de Dus se fez homem, assim como recitamos no Credo. Mas o que significa esta palavra central para falar da fé cristã? Encarnação deriva do latim “incarnatio”. Santo Inácio de Antioquia – desde o primeiro século – e, sobretudo, santo Irineu usaram este termo refletindo sobre o Prólogo do Evangelho de são João, em particular sobre a expressão: “O Verbo se fez carne” (Jo 1, 14). Aqui a palavra “carne”, segundo o uso hebraico, indica o homem na sua integridade, todo o homem, mas propriamente sobre o aspecto da sua transitoriedade e temporalidade, da sua pobreza e contingência. Isto para dizer que a salvação trazida por Deus fazendo-se carne em Jesus de Nazaré toca ao homem na sua realidade concreta e em qualquer situação em que se encontra. Deus assumiu a condição humana para curá-la de tudo o que a separa Dele, para permirtir-nos chamá-lo,em seu Filho Unigênito, como o nome de “Abbá, Pai” e sermos verdadeiramente filhos de Deus. Santo Irineu afirma: “Este é o motivo pelo qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, Filho do homem: para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina, se transformasse filho de Deus” (Adversus haereses, 3,19,1: PG 7,939; cfr Catecismo da Igreja Católica, 460).