sábado, 7 de janeiro de 2012

Catecumenato: uma breve compreensão sobre uma catequese de Iniciação

     Iniciação cristã é todo o processo pelo qual alguém é incorporado ao mistério de Cristo Jesus, fazendo parte de seu Corpo Místico, do Povo de Deus, da Igreja. Ao utilizarmos o termo iniciação cristã, estamos também nos referindo a todo o processo pós-batismal percorrido para se chegar a esta profunda realidade da fé do ponto de vista experiencial e existencial.
     Nos dizeres de pe. Antônio Francisco Lelo (2008, p. 12):
     "Uma pessoa está iniciada no cristianismo quando faz a experiência com a Palavra anunciada, recebe os três sacramentos de iniciação e se dispões a professar a fé na vida. As três etapas – Batismo, iniciação à Eucaristia e Crisma – cooperam para uma finalidade só: formar a identidade cristã, isto é, alcançar a maturidade em Cristo (cf. Ef 4,13)."
   Dessa forma, o termo iniciação cristã, de forma ampla, abrange duas realidades:

  1. Para os já batizados, a iniciação consiste em desenvolver os germens da fé já infundidos no sacramento do Batismo;
  2. No caso dos não batizados, ela é o processo que conduz ao mergulho total (batismo) no mistério de Cristo Jesus.
     Em ambas as realidades estão incluídas tanto as ações litúrgico-rituais (celebrações, ritos, entregas, escrutínios...) como o processo catequético no sentido estrito de ensinamento e reflexão sobre a sabedoria evangélica, a doutrina de Jesus Cristo e os exercícios de vida cristã em vista da assimilação completa do mistério cristão.
        De forma salutar, o Diretório Geral para Catequese reforça a importância que a catequese de iniciação tem para a função evangelizadora da Igreja:
     "A catequese de iniciação é, assim, o elo necessário entre a ação missionária, que chama à fé, e ação pastoral, que alimenta continuamente a comunidade cristã. Não é, portanto, uma ação facultativa, mas sim uma ação basilar e fundamental para a construção, tanto da personalidade do discípulo quanto da comunidade. Sem ela, a ação pastoral não teria raízes e seria superficial e confusa: qualquer tempestade faria desmoronar todo o edifício. Na verdade, “o crescimento interior da Igreja, a sua correspondência aos desígnios de Deus, dependem essencialmente da catequese”. Neste sentido, a catequese deve ser considerada como momento prioritário na evangelização. (n. 64)."
     Durante a reformar conciliar (Vaticano II), a temática do papel da Igreja na sociedade pós-moderna e a necessidade de uma nova evangelização foram abordados de forma ampla e produtiva. Nesse contexto, vêm à tona as discussões a respeito de um novo modelo de catequese que pudesse efetivamente se integrar a ação missionária da Igreja, e principalmente, colaborar num desenvolvimento sólido do crescimento e maturidade de fé dos fiéis convertidos. Sendo assim, incentivou-se o retorno do modelo catecumenal da Igreja Primitiva.
     O catecumenato batismal tornou-se como o protótipo primordial do processo e da metodologia catequética que introduz e inicia o cristão na vida eclesial e testemunho desta para o mundo.
"[...] Nas últimas décadas, a situação pastoral tem feito a Igreja perceber que há também uma necessidade de catecumenato pós-batismal (CaIC 1231), de grande valor para a iniciação integral de jovens e adultos batizados, mas não suficientemente envolvidos no compromisso cristão. (LIMA, 2009, p. 9) ."
     Reforça este entendimento o Diretório Nacional de Catequese (DNC) ao afirma que:
     "No início do cristianismo, a catequese era o período em que se estrutura a conversão. Os já evangelizados eram iniciados no mistério da Salvação e em um estilo evangélico de ser: experiência de vida cristã, ensinamentos sistematizado, mudança de vida, crescimento na comunidade, constância na oração, alegre celebração da fé e engajamento missionário. Esse longo processo de iniciação, chamado catecumenato, se concluía com a imersão no mistério pascal através dos três grandes sacramentos: Batismo, Confirmação e Eucaristia. A catequese estava, pois, a serviço da iniciação cristã. (n. 35)."
     A catequese, como elemento importante da iniciação à vida cristã, implica um longo processo vital de introdução dos cristãos ainda não plenamente iniciados, seja qual for a sua idade, nos diversos aspectos essenciais da fé cristã. Trata-se, de forma sistemática, de um todo elementar e coerente, que forneça base sólida para a caminhada “rumo à maturidade em Cristo” (cf. Ef 4,13), com as seguintes dimensões, interligadas entre si:
  1. Descoberta de si mesmo (dimensão antropológica ou tornar-se pessoa na ótica da fé);
  2. Experiência de Deus (dimensão afetivo-interpretativa);
  3. Anúncio e adesão a Jesus Cristo (dimensão cristológica);
  4. Vida no Espírito (dimensão pneumatológica);
  5. Celebração litúrgica e oração (dimensão celebrativa);
  6. Participação na comunidade (dimensão comunitário-participativa);
  7. Interação fé e vida, e serviço fraterno, de acordo com os valores do Reino (dimensão sócio-transformadora e inculturada);
  8.  A formulação da fé (dimensão intelectual ou doutrinal);
  9. O diálogo com outros caminhos e tradições espirituais (dimensão ecumênica e de diálogo inter-religioso);
  10. O relacionamento de cuidado com o cosmo (dimensão ecológica ou cósmica). (DGC 38)
     De forma reduzida, podemos englobar essas várias dimensões em quatro âmbitos de instrução e aprendizagem:
  1. Um conhecimento mais aprofundado da história da salvação;
  2. Experiência e aprendizado de oração e de celebração da fé;
  3. Experiência e aprendizado de comunidade cristã;
  4. Prática de vida cristã, em particular através de um comportamento eticamente exemplar, pela prática da caridade e das várias formas de apostolado.
CONTINUAMOS POSTERIORMENTE...

Fabiano Lucio
Equipe Diocesana de Catequese

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