“Cristão
não se nasce, torna-se”.
Tertuliano, teólogo
cristão do séc. III.
Quando Tertuliano cunhou a frase acima, o
cristianismo era uma religião em crescimento apesar da forte repressão
conduzida pelo Império Romano.
Ser cristão era um ato de fé corajoso e
perigoso, pois implicava constantemente na perspectiva de ter que testemunhar
publicamente sua fé diante dos poderes instituídos por uma sociedade corrompida
por velhos e desgastados valores que se mostravam hostis aos valores cristãos.
E esse
testemunho da fé e das razões de sua esperança, fazia com que os cristãos se
sentissem mais intimamente ligados a Cristo e a sua missão.
Dessa forma, era comum que aqueles que eram
levados aos tribunais romanos para serem condenados a morte em praça pública,
nos anfiteatros ou no Coliseu, fossem louvando e testemunhando (martírio) sua
fé no Salvador.
Esse testemunho vibrante da fé era visto pela
Igreja primitiva como um estímulo à perseverança e adesão ao Senhor. Os mártires
eram o orgulho da fé cristã e seus túmulos se tornavam locais de oração e de
veneração. O próprio Tertuliano afirmava que “o sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
E o que chama a atenção nesse fato histórico,
é que apesar de ser algo extremamente perigoso, o número daqueles que abraçavam
a fé cristã só fazia crescer.
A Igreja primitiva, em sua rica diversidade
de ministérios e carismas, tinha uma compreensão mais ou menos comum de que o processo de encontro, experiência,
conversão e seguimento de Jesus Cristo não era algo rápido nem fácil, pois
implicava em mudança de mentalidade, valores, costumes e perspectiva de vida em
uma sociedade que pregava algo totalmente contrário a pregação apostólica.
A Igreja compreendia que essa mudança de vida (conversão e adesão a
Cristo) levava tempo, às vezes, uma vida inteira.
Os cristãos tinham que ser firmes em suas
convicções e dispostos a proclamarem a experiência de fé que tinha
experimentado em sua conversão, apesar das barreiras que poderiam encontrar na
prática de sua fé.
Ora, isso exigia deles uma fé firmemente
fundamentada a ponto de dar a qualquer um que os questionasse as razões de sua
fé. Para isso, a jovem Igreja tinha que responder algumas
perguntas:
·
Como ajudar (auxiliar) aqueles que foram
apresentados a mensagem do Evangelho e fizeram a experiência transformadora de
encontro com Cristo a continuar em sua conversão e seu seguimento?
·
Como transmitir as verdades da fé de tal
forma que o indivíduo consiga avaliar e refletir sua vida à luz da mensagem do
Evangelho?
·
Como introduzir os evangelizados nos
mistérios de uma fé que não é visível ou palpável, mas apenas experimentada em
sinais, símbolos e ritos?
·
Como fundamentar a fé dos indivíduos no
Cristo a ponto de prepará-los para, se necessário, dar testemunho com a própria
vida dessa fé diante dos homens e da sociedade?
Esses questionamentos acabaram sendo
respondidos de variadas maneiras pelas comunidades cristãs. De modo especial e
peculiar, a Igreja Primitiva acabou desenvolvendo um estilo de catequese
extremamente articulada e progressiva que conseguia levar os catecúmenos aos
mistérios da fé e a sua frutuosa vivência. Era o catecumenato, uma instrução profunda, vivencial e transformadora em
que a própria comunidade cristã através de seus membros assumia pessoalmente a
iniciação daqueles que procuravam fazer a experiência de encontro com Cristo e
desejam assumir sua missão no mundo.
O catecumenato era um processo longo, lento,
em etapas, ricamente litúrgico e vivencial, onde se pretendia fazer com que os catecúmenos
fizessem, como tantos outros antes deles, a experiência de fé no Cristo e na
sua Palavra.
Modelo extremamente rico e eficaz de
catequese, o mesmo perdurou até o século IV da nossa era. Porém, à medida que
os cristãos foram sendo mais bem aceitos na sociedade, muitas pessoas queriam
ser batizadas (muitas vezes não mais pela fé, mas por conveniência). O modelo
catecumenal não podia ser mais aplicado pois a quantidade de pessoas que pediam
o batismo era tamanha que sua longa e eficiente instrução se tornava cada vez
mais complicada para ser aplicada. Aos poucos esse modelo catequético foi sendo
abandonado e quase esquecido...
Mas eis que este ilustre e milenar senhor
volta a cena, principalmente após o Concílio Vaticano II que o intitula como
modelo de toda a catequese...
Aqui no Brasil não foi diferente... Desde a
2ª Semana Brasileira de Catequese (2001), a Igreja no Brasil convoca a todas as
dioceses e paróquias, clero e leigos a estudarem e aplicarem o modelo
catecumenal como base e referência para todas as atividades catequéticas...
èPor
que esse modelo de catequese é tão especial?
èPor
que a Igreja tem insistido tanto na sua aplicação?
Bem, meus amigos e amigas catequistas, essas e tantas outras
perguntas serão respondidas aos poucos aqui no nosso blog com o objetivo que
todos possam conhecer e se apaixonar por esse modelo catequético tão envolvente
e transformador... até a próxima postagem!!
Fabiano Lucio
Paróquia N. Sra. Do Carmo
Achei maravilhoso, pois não tinha conhecimento até então.Agora com a criação dessse blog,acapacitação continua.
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